03/10/2025
Ontem foi o Dia da Não-Violência, e paradoxalmente um dia marcado por tanta violência no mundo — da Palestina ao Congo, do Nepal à Cisjordânia…
O mundo parece uma caixa de fósforos prestes a incendiar, e pergunto-me: como manter firme o voto pela não-violência quando a empatia parece desaparecer? Como não ceder ao ódio e, ao mesmo tempo, não ficar em silêncio?
É no yoga que encontro essa força. Não como fuga, mas como um compromisso com a verdade, com a lucidez.
O yoga lembra-me que a nossa natureza é compassiva, é empática e que ahimsa não é silêncio, não é passividade: é clareza, é força interior, é a coragem de agir sem perpetuar o ódio.
E agir também é falar — dar voz ao que precisa ser nomeado. Muitas vezes, no meio do yoga, tememos ou ouvimos que não deveríamos intervir nesses contextos, como se o caminho espiritual fosse apenas recolhimento e silêncio. Mas a história do yoga mostra o contrário: ele sempre esteve em relação, com a vida, com a comunidade, com o mundo.
Viver em yoga é fazer um voto pela liberdade e conhecimento interior diante do sofrimento, é discernir o que é verdadeiramente certo e justo, sem confundir esse discernimento com as decisões políticas moldadas por sistemas capitalistas que tantas vezes perpetuam desigualdades.
Para mim, é isso que significa escolher a não-violência: um voto diário pela verdade, pela lucidez e pela liberdade que nasce do coração desperto.
Ontem também terminou o Navaratri, foi Vijaya Daśamī, o dia em que a deusa Durga vence o demónio Mahishasura. Um mito que fala de nós: a vitória do discernimento sobre a ilusão, do autoconhecimento sobre o sofrimento Não é uma vitória apenas mitológica, mas uma lembrança de que a escuridão pode ser atravessada, e que a firmeza do coração pode derrotar aquilo que nos aprisiona em medo e ódio.
Talvez seja isso o essencial: recordar que a verdadeira revolução é escolher a lucidez em vez do caos, a compaixão em vez da indiferença, a verdade em vez do medo.
E tu, que voto irás fazer?✨📿
Com carinho,
Cláudia