21/10/2025
No Oriente, conta-se que existe um fio vermelho ligando aqueles que nasceram para se encontrar. Ele não arrebenta. Às vezes se estica, às vezes se enrola, mas permanece discreto como oração, firme como promessa. Enquanto cruzamos cidades, calendários e versões de nós mesmos, esse fio trabalha em silêncio: não acelera o tempo, alinha o tempo; não impõe destino, convida ao encontro. Na espera, ele nos lapida. Tira o excesso de pressa, devolve a coragem de ser verdadeiro, afina escolhas até que caibamos no amor que pedimos. E quando a hora chega, nada é grandioso por fora: duas verdades simplesmente dizem “agora”.
Há sinais que sussurram o caminho: um pensamento que vem na mesma hora, uma música que toca e parece recado, um sonho que visita os dois. O fio não é truque, é processo. Ele atravessa nossos aprendizados como um GPS da alma: recalcula rotas sem culpas, convida a reparar danos, pede que cuidemos do coração para que o coração saiba cuidar do encontro. Não nos salva das curvas, ensina a conduzir. Por isso, o emaranhado não é inimigo: é treinamento de paciência, maturidade e fé.
Se hoje você sente esse fio, trate-o com delicadeza. Reze pela outra ponta. Permaneça inteiro onde está, mas siga em frente por dentro. Ame a própria história sem editar as cicatrizes, elas guardam o mapa de tudo o que você já superou. Lembre-se: o que é destinado não exige força; pede verdade, coragem e tempo.
Quando as margens, enfim, se tocam, o instante tem sabor de eternidade: não porque o mundo parou, mas porque você percebe que nada foi atraso, foi preparo. O fio, então, não brilha por magia; brilha porque você se tornou luz suficiente para reconhecê-lo. E o amor, que sempre esteve a caminho, encontra em você um lugar de repouso. O fio permanece. O encontro acontece. E a vida, enfim, encaixa .