26/10/2025
Mais um domingo de jogo do meu rapaz... e mais um momento de introspecção enquanto aguardo que o jogo inicie..
Nos últimos dias, uma notícia triste tem estado em destaque nos meios de comunicação social.. um filho de 14 anos, que tirou a vida à própria mãe. Não consigo imaginar a dor que vai em qualquer uma das pessoas envolvidas nesta triste realidade.
Mas e, como acontece tantas vezes, multiplicam-se as opiniões: uns falam em baixar a idade da imputabilidade penal, outros na falta de psicólogos nas escolas, outros ainda em “falta de autoridade” ou na “permissividade” da educação atual.
Confesso que tudo isto me deixa profundamente incomodada.
Sinto que estamos a olhar para o sítio errado.
O que me parece faltar, e muito, é empatia. É solidariedade. É sentido de comunidade.
Vivemos desconfiados uns dos outros, julgando rapidamente o comportamento do outro, achando que sabemos sempre mais e melhor.
Mas esquecemo-nos de algo essencial: precisamos uns dos outros. Somos seres de relação, de afeto, de partilha. É nas ligações humanas que se constrói segurança, significado e sentido de pertença.. seja pertença à família, à escola, à faculdade, ao trabalho.. seja o lugar que for.
Se tivéssemos mais espaço para o diálogo, talvez as relações não fossem tão demarcadas por interações digitais e interações imediatistas. Talvez a (des)informação que circula fosse mais debatida e menos absorvida como verdade absoluta. Talvez o tempo não fosse tão fugaz.
E isto aplica-se a todos: crianças, adolescentes, adultos, pessoas mais velhas, famílias inteiras.
Precisamos de investir mais na prevenção, e não apenas em respostas quando o problema já se instalou.
Falta-nos literacia emocional, falta-nos (muito) literacia digital, falta-nos tempo (e vontade) para escutar de verdade.
As famílias precisam de apoio e orientação, não de julgamento.
Educar é uma das tarefas mais complexas e exigentes que existem (tanto para pais e mães, como para educadores e professores), mas a responsabilidade pessoal está em cada um de nós. Todos nós somos vizinhos de alguém, familiar de alguém, colegas de alguém, amigos de alguém.. Não teremos todos uma responsabilidade neste papel de cuidar, acolher e legitimar?!
Quando nos sentimos apoiados e acolhidos, em vez de criticados e julgados, torna-se mais fácil lidar com sentimentos como a culpa ou a vergonha ou até mesmo a solidão, e é aí que podemos crescer, aprender e cuidar melhor... E mais uma vez, isto é válido para todos.
Não precisamos de mais dedos a apontar.
Precisamos de mais mãos estendidas.
Mais empatia.
Mais comunidade.
Mais humanidade.
Se até os pássaros conseguem organizar-se em prol do bem comum, porque não conseguimos nós? 🤔
Bem, agora vou ao jogo do meu rapaz de 14 anos 🫂💛