07/03/2017
"A probabilidade de sermos feitos para ver a realidade como ela é, é zero.
Uma boa metáfora é o"ambiente de trabalho" do teu computador.
Imagina que estás a escrever um texto ou queres enviar um email, e o icon do ficheiro em que estás a trabalhar é, por exemplo, azul, rectangular, e está no centro do ecrã.
Será que isso significa que o ficheiro em si é azul, rectangular, e está no centro do ecrã?
Claro que não, isso é uma ideia tola. Quem pensar isso não entende o objectivo do ambiente de trabalho.
Ele não existe para te mostrar a realidade do computador - os diodos, as resistências, as voltagens, os campos magnéticos, todo o software.
Na verdade, ele existe para esconder essa realidade, toda essa complexidade, porque nós não precisamos dela e de facto se tivéssemos de lidar com ela iria interferir com aquilo que realmente queremos fazer, que é escrever o email ou enviar uma foto ao nosso amigo."
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A realidade visível (que experienciamos e entendemos como "A realidade") é apenas o nosso desktop.
A realidade de quem somos é demasiado complexa - é o computador.
REALIDADE ESPELHO
Não conseguiriamos viver, não conseguiriamos realizar nada se vivessemos conscientes e atentos a toda essa complexidade.
A realidade ilusória (os "icons no ambiente de trabalho", a chamada realidade espelho) serve para nos proteger do que seria demasiado esmagador para a capacidade deste organismo, inviabilizando o seu propósito: viver a experiência humana.
Essa ilusão a que chamamos realidade, a nossa vida, o nosso corpo, os outros, as relações, os eventos, os bens materiais, são apenas os tais icons de várias formas e cores: símbolos, espelhos e portas de acesso ao conteúdo dos ficheiros (a realidade de quem somos).
O que chamamos de "despertar" é a percepção de que esta realidade é de facto apenas o nosso "ambiente de trabalho" (acho deliciosa a metáfora!).
Quando começamos a despertar, começamos a conseguir "abrir" alguns desses icons, vamos tendo vislumbres dos conteúdos e mecanismos por trás deles, e vamos fazendo interpretações do que vislumbramos, sempre condicionados pelos nossos próprios filtros.
Toda a verdade, toda a realidade, acredito eu que ninguém aqui pode afirmar conhecê-la, e que não teremos capacidade de a alcançar enquanto vivemos neste plano, com as limitações e condicionantes de um corpo físico, sem afectar a nossa lucidez e performance.
Não temos sequer como captar e compreender informação tão subtil.
Enlouqueceríamos. Deixaríamos de ser funcionais, aptos, deixaríamos de conseguir "enviar emails", de viver na realidade do ambiente de trabalho.
UMA PROVOCAÇÃO...
E afinal o que é a loucura se não uma percepção da realidade diferente da standard e a incapacidade de funcionar "normalmente", de acordo com os padrões da maioria?
Quantos casos de loucura serão, na verdade, despertares demasiado violentos?
E aqueles que dizem ver, ouvir, sentir, percepcionar "coisas que não estão lá", não estarão, na verdade, a aceder a conteúdos de ficheiros para a maioria de nós imperceptíveis, mas nem por isso irreais?
Deixo estas no ar, para quem quiser reflectir sobre elas.
Donald Hoffman explains how our perceptions have evolved to become like a computer interface. QUANTA MAGAZINE Website: https://www.quantamagazine.org/ Facebo...