11/11/2025
"Joio e trigo crescem no mesmo campo, mas não têm o mesmo destino. Jesus ensinou que, até a colheita, ambos permanecem lado a lado, e que a pressa em arrancar um pode ferir o outro. O discernimento nasce com o tempo, e a separação pertence ao Senhor da Seara (Mt 13:24-30; 36-43).
O joio simboliza a rigidez que não se curva. Firme por orgulho, prende-se ao solo e dificulta a colheita; compete, sufoca, prejudica. É a soberba que fecha o coração à graça, porque “Deus resiste aos soberbos, mas concede graça aos humildes” (Tg 4:6). É a terra endurecida que rejeita a semente do Evangelho, o coração de pedra que precisa ser trocado por coração de carne (Ez 36:26).
O trigo é maleável. Curva-se ao vento e, quanto mais maduro, mais se inclina. É figura da humildade que protege e nutre. Não disputa luz, frutifica em silêncio; reconhece que a vida vem do Alto. Por isso, é conhecido pelos frutos, não pelo barulho das folhas (Mt 7:16-20). O trigo aprende com o Mestre manso e humilde de coração (Mt 11:29) e guarda em si o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5:22-23).
Há em nós zonas de joio e faixas de trigo. O caminho espiritual não é de arrancar às cegas, mas de vigiar e orar para que o joio não domine a lavoura íntima. A maturidade vem quando aceitamos “morrer” para o grão fechado do ego e renascer para a vida nova que alimenta muitos, como o grão de trigo que cai na terra para dar muito fruto (Jo 12:24).
No tempo da colheita, o Senhor conhece quem se curva para amar. Que a suave inclinação do trigo seja nossa oração cotidiana: menos rigidez, mais mansidão; menos disputa, mais serviço; menos aparência, mais fruto. Então a seara do coração será celeiro de paz, e o campo do mundo terá em nós trabalhadores fiéis do Rei."
Diário Espírita