01/11/2025
Esta semana no gabinete de vacinação:
-Bom dia Sr. X, vamos lá prevenir chatices.
-Bom dia Dr, sabe que eu não falho, gosto de andar com a minha saúde “em dia”- exclamou o Sr.X em tom sorridente. E o Dr, tem andado bem?
- Vamos teimando, há muito trabalho para fazer em relação à vacinação, há muita contra-informação - afirmei.
- Pois, você diz muitas vezes isso. Mas tirando isso como tem passado? Não querendo desfazer do Dr, eu gostava muito do seu Pai.
-Fiquei em silêncio. E o Sr. X continuou
- Era um homem bom, ajudava muita gente, e nunca dizia que não a ninguém.
-Fiquei em silêncio. E o Sr. X continuou.
- Mesmo que não fosse da mão dele, encaminhava para alguém. Havia sempre solução e com uma piada fina pelo meio.
-Fiquei em silêncio. E o Sr. X continuou, agora com a voz embargada e lágrimas nos olhos.
-Partiu jovem. Mas Dr, você tem que ser forte, a vida é assim…sabe, prega-nos partidas quando a gente menos espera. E quando as coisas estão mal parece que ainda há sempre mais alguma coisa para piorar. - exclamou agitado
-Fiquei em silêncio. E o Sr. X continuou encolhendo os ombros.
-Temos que ser fortes, não há volta a dar. Olhar para a frente, ter fé que dias melhores virão. E hão de vir Dr. Enquanto houver quem goste de nós a coisa vai compondo.
-Fiquei em silêncio.
E no meio do meu silêncio abracei-o. Um abraço demorado. Um abraço de quem sabe que o Sr. X tem um filho muito doente. Um abraço de quem sabe que aquelas palavras dirigidas a mim, eram um desabafo seu numa altura difícil para ele e para a sua família.
Um abraço de empatia e compaixão.
Esta situação foi para mim uma verdadeira lição de vida, aquela que nos ensina que muitas vezes quem mais precisa é quem mais dá. Sr. X enquanto houver amor, haverá sempre cura.
Bom fim de semana.