12/08/2025
🔥 CPCJ para mães que amamentam depois dos 2 anos?!
Li esta frase e deu-me vontade de gritar:
"Nenhuma mulher normal amamenta um filho depois dos 2 anos, quem diz o contrário não pode ser boa mãe! Deve exigir intervenção da CPCJ… As fraudes devem ser combatidas sem qualquer receio.”
Foi escrita por Elsa Gomes, ex‑assessora da ministra do Trabalho, atualmente diretora‑adjunta do Centro Nacional de Pensões do Instituto da Segurança Social .
Porque isto não é apenas ofensivo — é estrutural:
1. As organizações mundiais de saúde, como a OMS e a UNICEF, recomendam a amamentação “até aos 2 anos ou mais” — e o “ou mais” é deliberado e baseado em evidência .
2. Chamar a CPCJ — cujo papel real é combater riscos reais como negligência ou abuso — para intervir em mães exercendo direitos baseados em ciência é abusivo, desviador de recursos e desumano.
E pela visão sistémica:
❌ Esta frase não nasce no vazio — ela é eco de padrões históricos de controlo sobre o corpo e as escolhas da mulher.
❌ É a repetição de um sistema que teme vínculos fortes, porque vínculos fortes criam pessoas seguras, menos manipuláveis e menos dependentes de aprovações externas.
❌ É o reflexo de uma desconexão coletiva com a função materna — vista como “exagero” ou “fraqueza” quando não cabe no molde social de separação precoce, produtividade e obediência.
❌ É também lealdade inconsciente a um passado em que a maternidade foi regulada pelo medo e pelo julgamento, para manter o feminino submisso.
💥 Resumo direto:
Mães que amamentam depois dos 2 anos não precisam da CPCJ.
Precisam que o sistema se cure dos seus traumas transgeracionais, que respeite a ciência e que pare de projetar "nas mamas da mãe" o medo que tem de vínculos saudáveis.