14/11/2019
Se vivêssemos num país de primeiro mundo, poderia haver uma próxima e breve capa da revista Sábado dizendo: “O FIM DA ERA DOS MEDICAMENTOS QUÍMICOS – Saiba o que preocupa a indústria farmacêutica e como usam os seus fundos para inverter esta realidade”.
Mas não, isto não vai acontecer, porque vivemos num país onde “valores mais se altos se levantam” como Luís de Camões já há muitos anos o escreveu.
Vivemos uma época onde cada vez mais habitantes do planeta Terra recorrem às Terapêuticas Não Convencionais (TNC’s) – nome de resto parvo (definir por exclusão um conceito é no mínimo parvo) mas os mesmos que exigiram este nome parvo encomendam estas peças jornalísticas com o nome de “Medicinas Alternativas”. 🤷♀️ E este é um grande equívoco, uma vez que qualquer área da medicina deve sim trabalhar em paralelo e não em alternativa. É um nome pejorativo e que em nada revela a realidade e a atitude dos profissionais de saúde das TNC’s.
Mas sim, se alguns especialistas das TNC’s, incomodam alguma gente, muitos especialistas das TNC’s incomodarão muito mais.
Convenhamos, não são as fatalidades que acontecem a um doente que (também) esteja a fazer algum tratamento nas TNC’s, que geraria uma peça (ou melhor, várias nos últimos anos) sobre esta temática. O real motivo, camuflado neste cinismo sem precedentes, é o facto de cada vez mais pacientes recorrerem às nossas consultas e termos felizmente sucesso com a grande maioria deles. Isto sim é um grandeeeee problema. Porque estes mesmos doentes deixam de tomar certos medicamentos que se lhes tinham sido prescritos “para a vida”. E aquilo que é um grande alívio para o doente é uma grande chatice para algumas empresas deste mundo... Empresas essas que se deveriam ocupar de promover saúde mas o paradigma destas é diametralmente o oposto – promover a doença, durante muito tempo, de modo a que estes pacientes tomem, durante muito tempo vários e muitos medicamentos. Bastante conveniente, não vos parece?
E depois há outra! Vão exatamente falar naquilo em que eles próprios (os que encomendam estre tipo de peça jornalística) são mais fracos – os riscos da toma da medicação. Riscos em recorrer às TNC’s! A sério?? Querem mesmo discutir esse assunto? Está acessível a qualquer consumidor a bula dos medicamentos químicos! Paço a citar alguns exemplos:
Anti-depressivos que podem levar a ataques epiléticos
Ansiolíticos que podem levar à depressão
Anti-ácidos – os tais tão fofinhos que “forram o estômago” que podem levar a falências graves do fígado ou até à doença de Alzheimer
Estatinas que baixam o colesterol e que podem levar à diabetes ou à falta de ereção.
Medicamentos para a dislexia e hiperatividade que podem levar ao suicídio. (1 em cada 100 doentes que neste caso são crianças, sentem isto. Consta que cerca de 23 mil doentes tomem este medicamento em Portugal...)
Enfim a lista poderia ser “infinita”. Com o devido respeito aos medicamentos, que salvam muita gente, e aos doentes que os tomam – estes são perigosos, e muito.
Não me parece de todo razoável ou sequer do domínio da lógica aparecer uma capa da revista Sábado, que se deveria mostrar como um bom veículo de comunicação jornalística falando nos perigos das “medicinas alternativas”. Quando o verdadeiro perigo está na toma dos fármacos químicos de síntese. É tão óbvio que roça o ridículo.
Vivemos num mundo onde impera o dinheiro e o poder. A maior indústria é a das armas, a segunda a dos medicamentos. (A tal que sim apresenta muitos perigos.) Pouco mais há a dizer a não ser que quem quer que seja que se cruze por azar com esta revista que pense pela sua cabeça e que veja a mensagem ardilosa e desonesta – desviarem os doentes da cura e sim continuarem a consumir os medicamentos que os mantêm doentes.