28/11/2025
Um pouco desaparecida, e já gravei a algum tempo e ainda não tinha tido oportunidade mas aqui vai :
Quando a agressividade surge entre pais e filhos: o que fazer?
Recentemente foi relatado um episódio num supermercado em que uma criança, perante frustração, bateu na mãe, e a mãe respondeu com um estalo igualmente agressivo. Este tipo de situação gera facilmente julgamento social – “Se fosse o meu filho, apanhava também” – mas é importante que a análise psicológica vá além da reação imediata e se centre no que realmente ajuda a criança a aprender e a crescer de forma saudável.
A agressividade gera agressividade
Do ponto de vista psicológico, é bem estabelecido que a violência como resposta tende a reforçar a mesma violência.
Quando a criança é corrigida através de agressão física:
aprende que bater é uma forma legítima de resolver conflitos;
aumenta a probabilidade de repetição dos comportamentos agressivos;
sente mais medo ou vergonha do que compreensão ou responsabilidade pelo que fez;
perde oportunidades de desenvolver autorregulação emocional.
Da mesma forma, quando a criança agride o adulto, também o faz muitas vezes porque ainda não possui estratégias emocionais mais maduras para expressar frustração, cansaço, oposição ou necessidade de atenção.
O que fazer no momento?
Quando uma criança bate num adulto, o mais eficaz é:
Manter firmeza, sem violência: parar a mão da criança, segurar com calma e olhar nos olhos;
Nomear o comportamento: “Não te posso deixar bater. Isso magoa.”
Modelar autorregulação: falar com voz firme, mas controlada;
Criar segurança: mostrar que há limites claros, mas sem humilhar ou agredir.
Depois do episódio
Terminada a explosão emocional, abre-se a oportunidade pedagógica:
Falar com a criança sobre o que aconteceu e ajudá-la a identificar o que sentiu: “Parecias muito zangado… o que te deixou assim?”
Ensinar alternativas: usar palavras, pedir ajuda, respirar fundo, afastar-se.
Reforçar positivamente quando a criança consegue gerir melhor a frustração noutras ocasiões.
E para os pais?
Também os adultos precisam de suporte emocional. Reagir com um “chapadão”, embora comum em situações de stress, não é a resposta mais eficaz nem saudável. Pais e cuidadores beneficiam de:
estratégias de autocontrolo (respirar, afastar-se por segundos, pedir ajuda ao outro progenitor),
compreensão do comportamento infantil,
e, quando necessário, apoio profissional para gestão parental e emocional.
Conclusão
A educação assenta na aprendizagem através do exemplo.
Se queremos crianças menos agressivas, é fundamental oferecer respostas firmes, seguras e não violentas. A agressividade infantil é um pedido de ajuda disfarçado — e cabe aos adultos transformá-la numa oportunidade de crescimento, não de punição físcas.