13/11/2025
Nas nossas caminhadas, o Solinho ouvia mais do que falava.
Eu andava dividido — avançar para o curso de terapias holísticas ou recuar outra vez?
O coração puxava, mas o medo sussurrava sempre mais alto.
Ela parou, encarou-me com aquele sol no sorriso e disse só isto:
“Vai. Desta vez, confia.”
E naquele instante algo alinhou dentro de mim.
Inscrevi-me no curso de terapias holísticas.
Senti — pela primeira vez em muito tempo — que estava a dar um passo em frente.
Na véspera da primeira aula, o destino mostrou a costura invisível das coisas.
A escola onde eu teria feito o curso de massagens — aquela que não avancei por causa da queda da minha mãe — tinha acabado de fechar.
Um desfalque.
Alunos enganados.
Cursos interrompidos.
Fiquei parado, com o corpo arrepiado dos pés à cabeça.
A cabeça vazia.
O coração cheio.
Só consegui pensar:
“Se eu tivesse ido… estava perdido no meio disto.”
Foi ali que percebi — com um baque seco por dentro —
que aquilo que me parou naquele dia, afinal, tinha-me protegido.
Que o caos também guarda caminhos.
Que o destino, às vezes, sabe mais do que nós.
E então fui à aula.
Sentei-me no meu lugar e senti uma coisa rara: pertença.
Não conhecia ninguém, mas reconheci aquela energia.
Havia uma verdade silenciosa ali, como se aquele espaço tivesse sido guardado para mim desde sempre.
Naquele momento, sem esforço, sem dúvida, sem medo, eu soube:
não era acaso — era o meu caminho a abrir-se, finalmente.