13/12/2025
Já há algum tempo que não venho aqui... Não quer isso dizer que não tenha vontade de escrever, de refletir, de partilhar aquilo que me vai na mente e na alma… Simplesmente, tem sido um final de ano muito desafiante. O internamento de um familiar muito próximo abalou tudo e todos…
Felizmente, passo a passo, tem vindo a recuperar!
A propósito deste internamento e de tudo o que aconteceu nos últimos três meses… deixo aqui uma reflexão…
Desde muito jovem que me questiono sobre as dificuldades que nós, seres humanos, temos em dar valor às pequenas (gigantes) maravilhas que acontecem no dia a dia, à imensa beleza que nos rodeia, às capacidades extraordinárias que o nosso corpo desempenha a cada minuto…
Sempre me questionei acerca das lamentações, dos queixumes, das melancolias, dos dramas sentidos e vividos…
Nunca compreendi bem a dificuldade em sentirmos alegria no dia a dia, com tantas coisas boas a acontecerem hora após hora (muitas vezes, sem nos darmos conta).
Pedro Chagas Freitas diz que “o normal é be***al”. E é!
Curiosamente, mesmo que o ser humano saiba que “o normal é be***al”, mesmo que tente agradecer, todos os dias, as maravilhas que o rodeiam e que se operam dentro de si a toda a hora, muitas vezes, não consegue interiorizar verdadeiramente o real valor desta afirmação até vivenciar uma situação em que se veja ou sinta privado desse “normal” tão desejado.
Tão simples como sentir o imenso conforto que é deitar a cabeça numa fronha lavada em casa, cobrir o corpo com um cobertor, sentir a água quentinha do d***e a escorrer pelo corpo, tocar com uma mão num ombro, ter equilíbrio na posição de sentado, saborear uma refeição ou, simplesmente, aliviar a sede com um pouco de água.
Quem já passou pela ausência destas capacidades, ou já viu algum familiar nessa situação, sabe do que estou a falar.
Não chamo a atenção para esta realidade com o objetivo de induzir desconforto ou culpa. Pelo contrário! Que possamos acolher as nossas emoções mais desafiantes, tantas vezes dolorosas, com carinho e compaixão, estando atentos e conscientes às inúmeras bênçãos que, apesar de tudo, nos permitem afirmar que o normal é, de facto, be***al. Porque é.
Para quem está hospitalizado e ainda não pode deitar a cabeça na sua almofada; para quem tem uma sonda alimentar e não pode, neste momento, comer ou beber; para quem está privado do conforto do seu lar e de tantas outras “maravilhas”… deixo aqui um abraço amigo, de Fé e de Esperança.
Que consigamos lidar o melhor possível com os desafios que a Vida nos traz, crescendo com eles. Que possamos substituir o medo pelo Amor, aprendendo a aguardar e a Confiar. Que sejamos capazes de agradecer a Presença, no dia a dia, daqueles que mais amamos e todas as funções preciosas que as células do nosso corpo conseguem fazer nas 24h do dia.
É isso que eu mais desejo, neste momento…
Com um abraço amigo,
Manuela Mota Ribeiro
Foto de Aaron Burden, no Unsplash.