04/11/2025
Imagina estares preso, mas não vês grades. Só um peso que nunca sai do peito.
É assim viver com ansiedade.
Acordar não é começar o dia. É sobreviver a ele. É lutar contra pensamentos que chegam sem aviso, esmagam a razão, e fazem do silêncio um grito ensurdecedor.
O coração acelera, mas não há corrida. A respiração falta, mas nada te aperta o pescoço. Só uma mente que insiste em criar monstros onde só deveria haver paz.
As coisas mais simples tornam-se batalhas. Atender o telefone. Sair de casa. Ficar em silêncio numa sala cheia de gente. Parece pouco? Não é. É um gigante que sufoca.
Quem vê de fora não percebe. “Não penses nisso", "Relaxa", "Isso são coisas da tua cabeça".
E é. Mas é a cabeça que governa tudo. E quando ela não está bem, o corpo, os sonhos e até a esperança tornam-se reféns.
A ansiedade não se vence com força de vontade. Não é uma questão de coragem ou fraqueza. É uma guerra silenciosa. Uma luta que ninguém aplaude porque ninguém vê.
Se um dia alguém te disser que está cansado, que está exausto sem ter corrido, que não consegue explicar o porquê de ter medo de tudo e de nada... escuta. Não tentes corrigir. Não tentes ensinar. Só escuta.
A prisão da ansiedade não tem chaves. Mas o acolhimento, a empatia e a compreensão podem abrir frestas. E talvez, só talvez, iluminar o que está mergulhado na escuridão.
Porque enquanto uns estão lá fora a viver, quem vive com ansiedade só quer conseguir respirar.
Só quer sobreviver ao próximo minuto. E ao seguinte. E ao seguinte. Até o corpo ceder. Ou a mente desistir.
Ninguém deveria viver assim. Mas muitos vivem.
E é por isso que precisamos falar sobre isto.