25/11/2025
A mulher. Na sua beleza e delicadeza, transborda amor capaz de gerar vidas, de nutrir a humanidade. Doadora, encarna o cuidado com o outro; pode ser um oceano de ternura.
Mas até o oceano seca. Quando, na sua família de origem, foi negligenciada, diminuída, preterida, aprende cedo a vestir o uniforme da indiferença, da servidão aos desejos alheios — um vestido que se entranha na pele macia de menina e depois de mulher.
O amor, a esta mulher, chega muitas vezes dissimulado, parcial, como instrumento de exploração, de controlo e poder. É-lhe oferecido como moeda de troca. Ela tem de provar o seu valor constantemente, mas o reconhecimento nunca é completo. E assim nasce o medo da rejeição, do abandono, do desamparo.
Quando finalmente escreve “Basta” com o seu sangue, para se proteger, para não se deixar abusar ou explorar, é julgada. As vozes da opressão sussurram: “Estás errada, estás a ser agressiva…” E a menina-mulher começa a duvidar de si mesma, dos seus valores, da sua identidade. Uma tristeza profunda ameaça afogá-la. Ela nunca aprendeu a irritar-se, a sentir raiva de quem lhe fez mal, e adoece em silêncio, melancolicamente.
É urgente lutar por cada uma destas mulheres. Ensinar-lhes a rejeitar primeiro aqueles que oferecem um amor condicional, incompleto, que invade, limita e esmaga. Mostrar-lhes que merecem um amor pleno e verdadeiro.
Hoje, neste Dia da Eliminação da Violência contra as Mulheres, erguemos a voz por todas as que sofreram, por todas as que resistem e por todas as que ainda precisam de encontrar força para dizer: Basta.