22/07/2016
Mordeu o amigo.. e agora?
Mordeu o amigo...e agora?
Chegar à creche e ouvir a educadora dizer que o filho foi mordido ou mordeu um amigo é algo constrangedor que deixa qualquer pai/mãe assustado e sem compreender muito bem o que se está a passar, ou como lidar com a situação.
É importante perceber que este tipo de comportamento é considerado absolutamente normal até cerca dos 2/3 anos, no sentido em que a criança ainda explora o meio ambiente com a boca, desaparecendo à medida que a criança vai amadurecendo.
Por outro lado, morder, bater, ou puxar os cabelos são formas que a criança utiliza para comunicar. Tendo em conta que nesta fase a aquisição da fala ainda está em progresso, a interação com os demais será mais física e, nesse sentido, a mordidela pode ser um dos meios utilizados pela criança para revelar o que está a sentir ou, simplesmente, para chamar à atenção.
As mordidelas ou os comportamentos agressivos nem sempre são uma demonstração de emoções negativas. Quantas vezes os pais durante o banho ou no ato de trocar a fralda brincam com os seus bebés e dizem: “Vou comer o teu pé… ou a tua bochecha”? Então para os bebés/crianças a mordidela meiga que os pais deram durante um momento carinhoso e divertido, pode tornar-se uma forma de exprimir um sentimento divertido e de boa disposição, logo, durante uma brincadeira com os amigos poderá também morder sem a intenção de magoar.
Noutras situações, o mesmo comportamento pode ter o objetivo concreto de conseguir o brinquedo que o amigo tem, o que normalmente funciona, porque a criança que é vítima sente dor e larga de imediato o brinquedo. Nestas situações o papel do adulto deve ser de repreensão, explicando que a atitude não é correta porque magoa o outro. Se não houver uma intervenção nesse sentido a criança vai continuar a utilizar o seu método que parece ser eficaz e prova o seu poder perante o outro, ou seja, a criança vai utilizando a mordidela ou outro comportamento agressivo e vai avaliando as consequências do mesmo. Se ele conseguir os seus objetivos e não for repreendido, continuará a repetir o mesmo.
Nesta fase do desenvolvimento, as regras e os limites são de extrema importância, muitas vezes os pais pensam que os seus filhos são demasiado novos para compreender o NÃO, mas pelo contrário, esta é a altura em que o “Não” é essencial e ajuda a crescer emocionalmente saudável. O adulto deve explicar que existem outros meios para expressar o que pretendem e que atitudes agressivas não devem ser utilizadas como meio para alcançarem os seus objetivos. Se pretende um brinquedo que o amigo tem, terá que pedi-lo emprestado, ou se pretende dizer alguma coisa ao adulto, tem que saber esperar pelo momento em que ele esteja disponível para falar e que não adianta beliscar ou bater para ter a atenção no imediato. Se perceber que assim resulta irá continuar a utilizar comportamentos desadequados para chamar a atenção.
Normalmente estes comportamentos são passageiros e deixam de ser utilizados quando lhes é explicado que a ação não está correta. No entanto, em alguns casos estas atitudes podem ser reflexo de um problema de ordem emocional e, se forem recorrentes e prolongadas no tempo, poderão estar associadas à expressão de sentimentos de rejeição ou a ansiedade.
Para que se possa entender a causa poderá ser necessário a ajuda de um psicólogo que intervenha de forma a ajudar a criança e os seus pais.
FONTE:uptokids