26/11/2025
Se no último texto falei da dor, hoje quero falar do amor.
Do amor humano! Aquele que me segurou quando eu já não tinha forças para me segurar.
Porque mesmo quando o chão desaparece, existem braços que nos seguram.
Foi a união do nosso casal que se tornou âncora.
Quando nenhum dos dois sabia respirar, respirámos juntos.
Quando um desmoronava, o outro oferecia silêncio, colo ou apenas presença.
A dor podia dividir-nos… mas escolheu unir-nos.
E nós escolhemos continuar de mãos dadas.
Foi a família que me abraçou quando eu não conseguia estar no mundo.
Foram os amigos… as mensagens, as palavras de ontem e as de todos esses anos.
Palavras simples, mas que me encontraram onde eu estava.
Quando o coração está partido, cada gesto, cada presença, cada "estou aqui" conta mais do que imaginam.
E foi também a Sura.
A minha cadela que nada disse e que me disse tudo.
Ela sabia.
Deitava-se ao meu lado, acompanhava-me para todo o lado, lembrando-me de voltar à respiração.
Sem pedir nada. Sem palavras. Só amor. Só presença.
Percebi que a dor é um portal mas ninguém está sozinha nessa travessia.
Talvez a cura não seja esquecer, ultrapassar ou seguir em frente.
Talvez a cura seja para caminharmos juntos.
Hoje, o meu coração sabe:
a dor partilhada pesa menos
e o amor partilhado expande mais.
Obrigada a todos os que ontem escreveram, sentiram, lembraram, estiveram. Cada palavra foi como uma pétala pousada sobre uma memória sagrada.
O meu filho veio por um dia,
mas o amor que nasceu com ele continua
em mim, no nossa união sagrada, na minha família, nos amigos, na Sura e em todos os que se juntaram em presença.
A dor abriu o portal.
Mas foi o amor humano que me manteve viva neste lado de cá.