28/11/2025
A história da Carolina mexe. Porque mostra aquilo que quase ninguém tem coragem de dizer em voz alta.
Ela era uma menina de cabelo azul, sensível, intensa, diferente do que o mundo espera. E foi exatamente isso que o mundo não soube abraçar.
Não quero que a recordem pelos caminhos difíceis. Quero que a vejam como alguém que lutava contra doenças que quase ninguém entende. Depressão. Borderline. Doenças que não são visíveis, mas que podem destruir alguém por dentro dia após dia.
Vivemos numa era em que mostrar dor parece tabu. Em que toda a gente quer parecer perfeita, organizada, impecável, enquanto por dentro tanta gente está a desmoronar. A depressão, o borderline, a bipolaridade e outras doenças mentais continuam a ser tratadas como exagero, drama ou falta do que fazer. E enquanto continuamos a fingir que está tudo bem, as vidas estão cada vez mais a apagar-se a um ritmo aterrorizante.
Hoje, o que parte o coração não é só a perda dela, mas tudo o que ela representa. Representa os jovens que se sentem deslocados. As pessoas que lutam contra tempestades internas enquanto tentam sobreviver num mundo que exige estabilidade constante. Representa as almas sensíveis que o mundo não sabe ouvir.
Que a história da Carolina desperte algo em nós. Que nos faça falar mais sobre saúde mental. Que nos faça olhar para quem amamos com mais atenção. Que nos faça parar de julgar aquilo que não entendemos. Que nos lembre que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, é um grito de sobrevivência.
Que ela seja lembrada pela coragem de existir num mundo que nem sempre foi bom com ela. Pela intensidade com que sentia. Pelo coração que carregava.
Que encontre agora o descanso que tantas vezes lhe faltou aqui. E que a memória dela sirva para abrir caminhos onde outras almas sensitivas possam ser amparadas antes de chegarem ao limite.
Descansa em paz, Noori. 💫