Psicóloga e Psicoterapeuta Rute Andrade dos Santos

Psicóloga e Psicoterapeuta Rute Andrade dos Santos Especialista em psicologia clínica e psicoterapia pela Ordem dos Psicólogos Portugueses e pela Sociedade Portuguesa de Psicologia Clínica

Especialista em psicologia da educação e em necessidades educativas especiais

A aquisição do desfralde inicia entre os 2 e os 3 anos, sendo um processo natural do desenvolvimento da autonomia da cri...
08/01/2023

A aquisição do desfralde inicia entre os 2 e os 3 anos, sendo um processo natural do desenvolvimento da autonomia da criança. Muitas vezes, o desfralde até estava a ser bem-sucedido, mas em determinada altura, não se concluiu na totalidade. A criança tem necessidade de recorrer à fralda apenas para evacuar. Se a criança não apresenta nenhuma dificuldade no seu processo de autonomia, então estamos perante um sintoma, ou seja, no processo normativo de separação/individuação, algo não está a correr bem. A criança necessita de controlar através do sintoma, a sua insegurança em gerir a autonomia e os movimentos de separação/aproximação dos pais. Se nos focarmos excessivamente no retirar da fralda, estamos a alimentar essa insegurança. É o conflito que originou o sintoma que deve ser abordado e nomeado. A partir de um trabalho de reflexão conjunta, acompanhado por um psicoterapeuta, os pais e a criança podem repensar a relação e elaborar as separações. O processo de autonomia, inclusive o desfralde, retomará o seu curso normativo de desenvolvimento.

A preocupação com o vestir das crianças é uma das dificuldades escutada no discurso dos pais. Muitas vezes estes problem...
19/12/2021

A preocupação com o vestir das crianças é uma das dificuldades escutada no discurso dos pais. Muitas vezes estes problemas surgem com crianças de tenras idades, enormes birras na altura de vestir, protagonizadas por crianças que nunca parecem satisfeitas com a escolha dos pais. E estes, com receio de ferirem a individualidade dos filhos, esquecem-se que aos 4 anos as crianças não têm noção de moda e ainda não definiram estilos. Logo, os pais certamente estarão em melhores condições para tomarem uma decisão acertada neste domínio. Vale a pena lembrar, que os critérios de escolha devem sempre respeitar a liberdade de movimentos e o conforto que as crianças precisam para crescerem felizes. As crianças não são bonecos para serem enfeitadas!
Já na adolescência não é fácil, nem aconselhável impor estilos que os adolescentes recusam experimentar. E, neste caso, são os adolescentes que estão corretos. Mais, os adultos deviam aproveitar para aprender com eles.
Na maior parte das situações, os pais queixam-se que os filhos adolescentes vestem sempre as mesmas roupas, escolhem poucas peças que os deixam confortáveis na “pele” de quem desejam ser, ou seja, uma procura pela sua identidade. A roupa é um meio de comunicação, e os adolescentes utilizam a imagem para comunicar com os pares e o mundo, as suas ideias, convicções, bem como o sentido de pertença a um grupo. Assim se explica, as escolhas muito idênticas, entre os elementos que constituem o grupo de pares dos adolescentes.
“Parece que não tem mais nada para vestir!” E é um facto. Os adolescentes escolhem o seu “armário cápsula” para durante algum tempo (relativamente curto) viajarem pelas diferentes possibilidades de imagem que gostariam de ter, e mais tarde, encontrar a que lhes servirá na perfeição.
Os pais devem acompanhar essa viagem, acautelar para que não tomem decisões definitivas relativamente ao seu corpo, na medida em que as certezas de hoje são rapidamente colocadas em causa amanhã. Mas podem encorajar as experiências temporárias, aproximadas a uma realidade que no momento parece tão desejada.
E, uma vez que os adolescentes estão tão motivados para a contenção quanto ao número de peças para vestir, porque não toda a família adotar uma política de consumo consciente, educar os filhos para a preservação do ambiente, e certamente, desde que seja garantida a higiene e o conforto, julgo que se aplica a expressão: “menos pode ser mais!”

As dificuldades alimentares nas crianças têm sido uma grande preocupação manifestada pelos pais em consulta. As descriçõ...
04/12/2021

As dificuldades alimentares nas crianças têm sido uma grande preocupação manifestada pelos pais em consulta. As descrições reportadas caraterizam um padrão de comportamento que denominamos de seletividade alimentar.
Esta perturbação tem uma classif**ação relativamente recente, e as suas manifestações são muito variáveis, o que dificulta muitas vezes, os pais reconhecerem os sinais de um problema no comportamento alimentar dos filhos.
A recusa em relação aos alimentos pode ser provocada por aspetos sensoriais, tais como não gostar do paladar, do cheiro, cor ou textura dos alimentos, mas também por questões psicológicas, ou seja, a associação de emoções negativas a determinados alimentos. É importante a realização de uma avaliação para um correto diagnóstico.
Alguns pais contam que os filhos aceitam a alimentação na escola, mas em casa rejeitam quase todos os alimentos. Ora, a seletividade alimentar está relacionada com os alimentos, não com os espaços. Neste caso, estamos a falar de dificuldades na relação entre pais e filho(a), que de alguma forma são deslocadas para o momento das refeições.
Quando as crianças são difíceis de alimentar, muitas vezes os pais recorrem a tablets, televisão ou smartphones, com o objetivo de distrair a criança, parecendo que o ambiente na hora das refeições f**a mais tranquilo. Se a criança não está focada no momento de refeição, também não consegue perceber os sinais de satisfação, fome ou prazer, causando distúrbios na ingestão dos alimentos, tanto ao nível da qualidade como da quantidade.
Não é menos frequente os pais oferecerem à criança apenas os alimentos que à partida não serão recusados, ou sob a forma líquida, para facilitar a ingestão. Esta iniciativa não só reduz as possibilidades de a criança experimentar novos sabores e texturas, como não estimula a mastigação, movimento que antecede a fala, e se relaciona com uma correta articulação dos sons da fala.
Queridos pais, estejam certos que ao entreter a criança no momento da refeição, até podem conseguir alguma paz, mas de curta duração, com prejuízos para o seu desenvolvimento, o equilíbrio nutricional e a relação da criança com uma alimentação saudável.

25/04/2021

A dificuldade do sono nas crianças, tem vindo a ter uma maior expressão, no que motiva a procura de acompanhamento psicoterapêutico.
Muitos têm sido os relatos de pais exaustos, que já não recordam o que é dormir uma noite completa, desde que os filhos nasceram. Em alguns casos, as crianças já completaram os 4 ou os 5 anos. Por estranho que pareça, alguns técnicos de saúde quando escutam estes desabafos dos pais, encaram o problema como sendo “uma fase”, algo que se supera com o tempo: “com a idade tende a normalizar ou as crianças têm ritmos diferentes”. Pois, o tempo só é bom conselheiro quando o utilizamos para nos ajudar na resolução dos problemas, caso contrário só tenderá a agravar as situações.
As crianças não têm insónias! Se os ciclos de sono são frequentemente interrompidos, a causa desta perturbação deve ser investigada. Muitas vezes, a dificuldade em encontrar uma rotina de sono adequada à criança e à família justif**a as dificuldades do sono. Por sua vez, de acordo com a fase de desenvolvimento psicoafetivo em que a criança se encontra, a ansiedade ou os medos associados ao crescimento podem interferir na qualidade do sono. Por último, causas de origem fisiológica, sensorial e regulatória, também não devem ser descuradas.
Quando a qualidade do sono é posta em causa, o desenvolvimento da criança é de alguma forma prejudicado. As crianças poderão manifestar, entre outros sintomas, irritabilidade, dificuldades de atenção, irrequietude motora, comportamentos de oposição, dificuldades alimentares e de crescimento. A qualidade do sono está diretamente relacionada com a saúde física e psicológica do ser humano. Não é aceitável a “normalização das insónias” nos adultos, e muito menos, nas crianças e nos adolescentes!

A forma como lidamos com os nossos erros diz muito mais acerca de nós, do que talvez possamos imaginar! Crescemos a ouvi...
18/04/2021

A forma como lidamos com os nossos erros diz muito mais acerca de nós, do que talvez possamos imaginar! Crescemos a ouvir que errar é humano, mas no nosso quotidiano dificilmente aceitamos essa condição.
Praticamente, só nos é permitido errar sem censura, até à idade de pré-escolar. A partir dessa altura, se é para dizer “asneira”, o melhor estar calado! Os pares riem-se quando se responde errado, chovem críticas porque não se sabe, contabilizam-se as repostas corretas para se distinguir os bons alunos, e os erros são carimbados de falta de estudo. Não se retira qualquer ilação do raciocínio que originou o erro, ou simplesmente, responder à questão: “porque falhou?”
Na idade adulta, também não é muito diferente! Os sucessos são almejados a todo o custo, os enganos escondidos, as culpas imputadas a terceiros, as desculpas evitadas. E alguns, incapazes de suportar a sua incompletude, procuram expiar os seus erros nos subalternos ou dependentes, trazendo a infelicidade a todos. A negação das fragilidades pela idealização de si, não é mais do que uma tentativa de não sucumbir à ameaça do próprio mundo interno.
Crescer com medo de errar é, consequentemente, experimentar pouco e arriscar muito menos! Impõe-se o receio, de que no relatório de contas da vida de cada um, os erros possam sobrepor-se aos acertos, e determinem a imagem que se tem de si próprio, o valor e a diferença que fazemos na vida dos outros.
Se olharmos para as grandes invenções no mundo, todas derivaram de erros! Chamam-lhes hipóteses, tentativas de explicar o que não se conhece e se ambiciona. Umas descobrem-se corretas, outras nem por isso! Se encararmos a nossa vida como um ensaio, então os erros apenas constituem possibilidades ou tentativas menos acertadas de continuarmos em busca do que desejamos. Aceitamos que os pedidos de desculpa a nós próprios e aos outros fazem parte da nossa imperfeição, substituímos a culpa por responsabilidade, e desta forma, estaremos mais preparados para reparar os erros e manter signif**ativa a experiência da nossa vida.

04/04/2021
Se nas crianças mais novas o regresso à escola foi vivido com grande entusiasmo, para alguns adolescentes está a ser aco...
04/04/2021

Se nas crianças mais novas o regresso à escola foi vivido com grande entusiasmo, para alguns adolescentes está a ser acompanhado de sentimentos contraditórios.
Por um lado, a agradável ideia de sair de casa com menores restrições e conviver com os amigos presencialmente, agrega uma excitabilidade prazerosa. Por outro lado, a ideia de cumprir as tarefas escolares à distância, traduz um conforto emocional, nunca experimentado anteriormente, ou seja, estar protegido da ansiedade que os desencontros do quotidiano implicam.
Estar em casa é permanecer protegido numa base segura. Os conflitos inerentes ao crescimento estão adormecidos! As decisões para o futuro f**am adiadas! Evitam-se pessoas de quem não se gosta, as discussões, o receio da competição, a avaliação das relações que não trazem felicidade, as desilusões com o processo educativo, e não menos importante, a ameaça do vírus.
Mas viver é correr riscos, resolver conflitos internos e também externos, tomar decisões e aprender a lidar com ansiedade que estes momentos acarretam. É f**ar mais distante da proteção parental, mas também é assumir maior autonomia, ser mais capaz de estar em relação com os outros, crescer e individualizar-se nessas relações.
Se os adolescentes estão mais ansiosos, não é necessariamente prejudicial, desde que não limite a sua qualidade de vida. A ansiedade mobiliza energia psíquica para novos desafios, e nesse sentido é adaptativa. Conversar com os adolescentes sobre estas emoções, ajudará certamente a conseguirem ter uma compreensão dos seus sentimentos e a crescerem menos receosos, no cenário de improbabilidades em que vivemos atualmente.

Já vi este filme! “Uma distância insuportável” Com o regresso do ensino à distância, os pais repetem a experiência do an...
25/02/2021

Já vi este filme! “Uma distância insuportável”

Com o regresso do ensino à distância, os pais repetem a experiência do ano letivo anterior: conciliar o teletrabalho, a educação e o acompanhamento das tarefas escolares dos filhos. As crianças, por sua vez, f**am desorientadas quando as aulas e os recreios se confundem no mesmo espaço, demarcados apenas por minutos de intervalo. Todos contribuem para uma batalha, para a qual ainda não de vislumbra um fim!

Se serviu para alguma coisa, a experiência amarga do confinamento anterior, que tenha sido para perceber que é impossível desempenhar tantos papéis em simultâneo. Vivemos um momento de exceção, não se pode responder aos desafios da mesma forma que o faríamos, quando a realidade profissional, a escola e as atividades em família estavam bem delimitadas no espaço e no tempo.

Em confinamento é importante criar rotinas, respeitar horários e adotar alguma disciplina, mas acima de tudo é fundamental cultivar a tolerância, aceitando que não estão reunidas as condições ideais para oferecermos o melhor, enquanto profissionais, pais ou estudantes.

Contudo, existe algo que se pode exigir de si próprio e dos outros, ser “suficientemente bom”, ou seja, fazer o melhor possível nas circunstâncias em que nos encontramos, e desempenhar estes papéis sem colocar em risco as necessidades de bem-estar da família.

É imperativo que os adultos tomem decisões, sobre o que é obrigatório e prioritário, quer seja no trabalho, ou nos conteúdos educativos que as crianças têm de assistir ou realizar. Tudo aquilo que é dispensável, ou tem apenas como função preencher um tempo que deveria ser dedicado ao lazer e à família, deve ser rejeitado. Caso contrário, protegemos o corpo do vírus, mas destruímos a saúde mental e as relações com aqueles que mais prezamos.

O porquê da psicoterapia com crianças diagnosticadas com perturbação do espectro do autismo?A maior dificuldade que os p...
25/02/2021

O porquê da psicoterapia com crianças diagnosticadas com perturbação do espectro do autismo?

A maior dificuldade que os pais encontram na relação com um filho com perturbação do espectro do autismo, reside na comunicação. As palavras parecem não ser suficientes para explicar os sentimentos, ou clarif**adoras o suficiente, para que uma ordem ou recomendação seja compreendida pela criança.

A ideia de estimularmos a fala, parece ser um caminho mais seguro e promissor de aquisição de mais palavras. Mas, é muito frequente em planos de estimulação que apenas direcionam a estimulação para a fala, surgirem impasses. A criança não parece estar a evoluir! E porquê? É simples, antes de falar a criança precisa de comunicar e perceber para que servem as palavras. Comunicar é estar em relação com o outro!

Então se a criança não fala, ou pouco utiliza as palavras, o que vai fazer na psicoterapia?

O ser humano depende desde o nascimento, da relação com o seu cuidador. Mesmo antes de falar, a comunicação entre a mãe e o bebé acontece. O bebé não precisa de falar para que a mãe perceba que tem fome ou sono. A mãe responde aos sinais de desconforto do bebé, através de palavras e cuidados, permitindo que através de si, o bebé conheça-se a si próprio e ao mundo que o rodeia.

A fala oral evolui num processo dinâmico com a fala interior, “um falar para si mesmo”, que organiza os pensamentos e permite a compreensão de signif**ados mais complexos. A psicoterapia facilita esse processo, proporciona um espaço relacional, onde o brincar, os gestos, as expressões faciais e os sons ou o jogo simbólico, partilhados com um profissional preparado, ganham uma importância singular. A criança reconhece-se como individualidade e aprende a interagir, utilizando consequentemente as palavras, para se fazer entender e ser compreendido pelo outro.

Endereço

Clinica Médica Da Marginal, Tv. Infante Dom Henrique 1326
Vila Do Conde
4480-670

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