12/11/2025
Encerrar por fora não resolve o que continua aceso por dentro. A relação termina, a situação se conclui, mas o corpo ainda reage ao nome, ao cheiro, à curva de uma lembrança. É o passado pedindo lugar no presente. A mente tenta argumentar que já passou; o coração, porém, guarda recibos. Mágoas não arquivadas viram roteiros silenciosos. Culpas repartidas, expectativas quebradas, perguntas que não tiveram resposta. Tudo isso permanece no subterrâneo psíquico, influenciando decisões, sabotando começos, esvaziando a paz.
Há experiências que não terminaram, apenas mudaram de endereço e foram morar no subconsciente. De lá, elas repetem padrões, disfarçadas de prudência. Você evita uma conversa, adia um encontro, recusa uma possibilidade, e acredita que é intuição. Muitas vezes é medo velho, pedindo para não ser visto. Carregamos pessoas como fantasmas cativos porque elas não foram quem imaginamos. Pesamos a própria alma com cenas que, na verdade, aconteceram como puderam acontecer.
O caminho de volta começa com honestidade. Investigar a si mesmo é descer ao porão com uma vela na mão. Nomear a dor. Reconhecer a parte que nos cabe. Perceber onde o orgulho se protegeu, onde a carência falou alto, onde a esperança confundiu promessa com fantasia. Não é simples. Exige tempo, gentileza consigo e uma vontade real de viver sem correntes. Mas é necessário. Sem esse trabalho, o passado comanda o presente e escolhe, por nós, o futuro.
Quando a memória golpeia, traga o corpo de volta para o agora. Sinta os pés no chão. Respire até a onda passar. Escreva o que doeu sem editar. Se puder, crie um pequeno rito de conclusão: uma oração, uma carta que não será enviada, um símbolo devolvido ao seu lugar. Diga a si mesmo que cada pessoa agiu dentro das possibilidades do próprio momento. Aceitar não é aprovar, é interromper o ciclo de repetição.
Cultive planos concretos. Dê tarefas ao coração: aprender algo novo, pedir perdão quando couber, agradecer o que ficou de bom, reorganizar a casa por dentro. No tempo certo, algo se desloca. A lembrança perde o tom de alarme. O olhar encontra outra paisagem. O amor próprio deixa de ser defesa e volta a ser morada.
Créditos página diário espirita