12/09/2025
E talvez esses sejam os dias mais silenciosamente cruéis…
Porque o mundo espera dele o riso, a leveza, a piada pronta —
mas, por dentro, ele só quer um colo.
Ele pinta o rosto para esconder as olheiras,
sorri para disfarçar o cansaço,
transforma a dor em espetáculo…
mas, quando a cortina fecha,
o aplauso não preenche o vazio.
A verdade é que, por trás de cada sorriso fácil,
pode existir uma história que ninguém imagina.
A vida, às vezes, exige que sejamos palhaços:
disfarçamos a tristeza para não preocupar,
engolimos lágrimas para não estragar o momento,
seguramos o peso do mundo
enquanto o mundo nos pede mais leveza.
Mas até o palhaço cansa.
Até o palhaço precisa de alguém
que o olhe nos olhos sem esperar a próxima piada.
De alguém que perceba
que o sorriso está cansado,
que a gargalhada está rouca,
que a alma anda pesada demais para dançar.
Chorar não é o oposto de ser forte —
é lembrar que a força também mora na vulnerabilidade.
O riso encanta,
mas é no choro que o coração respira.
E talvez o grande truque da vida
não seja manter a máscara intacta…
mas encontrar quem saiba nos amar
mesmo quando a maquiagem borra.
Porque, no fim, não importa o papel
que o mundo nos peça para representar.
Todos nós precisamos, de vez em quando,
de alguém que nos permita ser apenas humanos —
sem roteiro, sem plateia, sem aplausos.
E o mais curioso é que, muitas vezes,
quem mais faz os outros rirem
é quem mais implora, em silêncio,
para que alguém o veja por trás da fantasia.
Quem vive para iluminar o dia dos outros
raramente confessa quando a própria noite
está escura demais.
Talvez o que falte no mundo
não seja mais risos…
mas mais olhos dispostos
a enxergar a alma por trás do sorriso.
Gaby Peck.