15/06/2022
Quatro mecanismos descritos na literatura são capazes de promover lesão/disfunção diafragmática induzida pela ventilação mecânica:
✅ Sobreassistência: excesso de suporte ventilatório mecânico, reduzindo o drive respiratório e produzindo rápida atrofia muscular diafrgmática. O clássico estudo de Levine et al (2008) demonstrou que pelo menos 18 horas de ventilação mecânica controlada é capaz de produzir atrofia diafragmática. No entanto, mesmo modos de suporte parcial, como PSV, produzem efeito semelhante se a pressão de suporte for excessiva.
✅ Subassistência: quando a carga imposta é “vencida” por músculos respiratórios em sobrecarga, devido a um suporte mecânico insuficiente, ou na presença de drive respiratório excessivamente elevado, podendo levar à lesão diafragmática e disfunção contrátil, com ruptura do sarcolema e infiltrado inflamatório.
✅ Contração excêntrica: aumento da carga quando o músculo está alongando. Em ventilação mecânica ocorre normalmente durante a fase expiratória do ventilador. A ação de “frenagem” diafragmática exacerba-se sempre que há necessidade de preservar o volume pulmonar expiratório final, ou seja, este efeito se torna mais potente na presença de atelectasias ou consolidações. Além disso, assincronias paciente-ventilador, nos quais o diafragma pode produzir vigorosos esforços inspiratórios durante a fase expiratória, como esforços ineficazes, ciclagem prematura, disparo reverso/duplo disparo, podem potencializar o miotrauma.
✅ Miotrauma expiratório: esse é um tipo de miotrauma mais hipotético, derivado de estudos experimentais. Em tese, o uso de PEEP excessiva provocaria uma desvantagem biomecânica diafragmática (algo semelhante ao efeito da hiperinsuflação pulmonar no DPOC), com deslocamento caudal do diafragma e redução das zonas de aposição, causando diminuição dos sarcômeros em série, produzindo o que se chama de “atrofia longitudinal”.
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2213260018303667?dgcid=rss_sd_all