09/11/2025
🌿 O medo: um instinto que pede escuta, não fuga
O medo é uma emoção primária e uma resposta neurobiológica essencial à sobrevivência.
Quando o cérebro interpreta uma ameaça — real ou simbólica — ativa o sistema nervoso autónomo e desencadeia três possíveis respostas instintivas:
🔸 Luta — proteger, enfrentar, reagir
🔸 Fuga — evitar, escapar, sair da situação
🔸 Paralisia — o corpo “congela” quando não vê saída possível
Estas respostas não são escolha — são reflexo. São sabedoria do corpo a tentar proteger-nos com os recursos que tem disponíveis.
O desafio surge quando o medo deixa de ser momentâneo e passa a ser o estado base do corpo.
Quando vivemos em alerta prolongado, o sistema nervoso perde a capacidade de alternar entre proteção e descanso.
A mente antecipa perigos, o corpo contrai, a respiração encurta, e a sobrevivência ocupa o lugar do simplesmente viver.
Na natureza, o medo tem um ciclo claro: o animal reage e, quando o perigo cessa, o corpo solta a tensão e regressa ao equilíbrio.
Nos humanos, esse ciclo pode ficar interrompido — o corpo continua em estado de defesa mesmo após o perigo passar.
A psicoterapia, e em particular a ecopsicoterapia, ajuda a concluir esse ciclo biológico inacabado.
🌱 Ao caminhar, o corpo descarrega a resposta de fuga de forma segura.
🌿 Ao ganhar força e consciência interna, a energia de luta transforma-se em ação e limites saudáveis.
🍃 Ao encontrar calma na presença da natureza, a resposta de paralisia dissolve-se em sensação de segurança.
Sentir o chão, respirar o ar livre, ouvir os sons naturais — não são metáforas. São experiências sensoriais que enviam ao cérebro a mensagem mais importante: “agora é seguro abrandar”.
O medo não é um inimigo.O medo não quer domínio.
Quer ser sentido, acolhido e transformado em presença. 💚