A otite serosa implica acumulação de líquido no ouvido médio sem sinais de infeção aguda. Esta condição é a causa mais frequente de hipoacúsia e cirurgia em crianças. Milhares de crianças são anualmente submetidas a miringotomia com colocação de tubos transtimpânicos de ventilação sob anestesia geral. Cerca de 20% das crianças tem recorrência da doença e precisam de ser reoperadas. Em 2009 foi desenvolvido um novo dispositivo para tratamento da otite serosa em colaboração entre Centro Hospitalar do Algarve e o Hospital Universitário Sahlgrenska, Gotemburgo, Suécia. O dispositivo consiste numa máscara para tapar o nariz e a boca, num tubo em "T" que comunica com a máscara, um balão e uma bomba de ar. A bomba é coberta por um "peluche" para melhorar a adesão da criança. O dispositivo ensina a criança a fazer uma compensação conforme as manobras realizadas pelos mergulhadores e pilotos. Ao respirar com a máscara adaptada, em expiração o ar é capturado no sistema, de modo aumentar a pressão no dispositivo para encher o balão. Na inspiração o ar entra sem resistência. Quando necessário é possível usar a bomba para aumentar a pressão. O ar é transferido até à trompa de Eustáquio, dilatando a mesma de modo a entrar no ouvido médio para drenar ou arejar o liquido. Seis estudos foram realizado para testar o funcionamento do dispositivo em crianças com otite serosa bilateral persistente na lista de espera de cirurgia. Após 4 semanas de tratamento notou-se uma melhoria significativa na pressão do ouvido médio, tal como a audição das crianças tratadas. O seguimento durante 12 meses revelou resultados persistentes onde 80% das crianças evitaram tratamento cirúrgico e nenhuma complicação foi detectada. O tratamento cirúrgico causou complicações em 41% dos casos. A fundação de Jubileu da Rainha Silvia para deficiências pediátricas premiou esta invenção em Janeiro 2014. O tratamento patenteado, Moniri® é recomendado como primeira linha de terapia para crianças com otite serosa.
